Vocês já pararam para pensar na quantidade de eufemismos com os quais nos deparamos todos os dias? O politicamente correto nos impõe conceitos que atingem as nossas construções culturais mais comuns algumas vezes, sem contar naqueles que fogem totalmente à realidade, mas não estou nem perto de querer filosofar sobre o tema.
Na verdade, a idéia deste texto me ocorreu quando vi hoje um tal Centro de Atendimento às pessoas de Melhor Idade oferecido por uma faculdade particular da cidade. Obviamente, o termo é muito legal, bonito até, mas pensemos sobre a realidade das supostas pessoas que estão na melhor idade.
Não é novidade para ninguém a situação em que se encontram os idosos brasileiros. Estão fadados a constrangimentos realizados por suas famílias, por alguns setores representantes do Estado e por nossa sociedade. Sofrem com doenças, com rendimentos menores, muitas vezes, do que na época em que eram "ativos" (para utilizar um termo da Previdência Social). Estão muito distantes de gozarem da melhor idade.
A chegada à velhice deveria realmente representar a chegada na melhor idade, afinal, depois de tanto contribuírem socialmente, depois de terem acumulado tanta experiência, os idosos deveriam ter o seu direito ao descanso e a sua importância reconhecida, mas assim não é. Os orientais, em especial os japoneses, estão anos-luz de nós neste quesito. Eles sabem como aproveitar a sabedoria dos mais anciãos, que representam um número, cada vez maior, de habitantes por aqueles lados.
A mentalidade ocidental, porém, tem uma concepção inversa. Como Michel Foucault teorizou em seus estudos, ela criou instituições para colocar aqueles que não "servem" mais à sociedade., não se enquadram no padrão social. Entre estas instituições, estão os presídios e os asilos. Esta é a verdadeira situação da Melhor Idade. Então, ainda acham que podemos chamá-la de melhor?
terça-feira, 14 de agosto de 2007
domingo, 5 de agosto de 2007
Haja Preconceito!
No meu outro blog falei do preconceito que a galera do "Cansei" tem em relação às outras classes sociais. Uma das organizadoras dos protestos no Rio disse que o Bolsa-família incentiva a ociosidade, já disse lá que acho um absurdo, mas não vou repetir o tema "política" aqui.
Na verdade foi só um gancho para eu falar de outro preconceito visto esta semana e que não pode passar despercebido. Estou me referindo à sentença proferida pelo juiz de Barra Funda Manoel Maximiniano Junqueira Filho. O juiz tinha a incumbência de julgar o processo aberto pelo jogador do São Paulo Richarlyson contra o cartola palmeirense José Cyrillo Júnior que em um programa de televisão afirmou que Richarlyson era gay. O jogador classificou como levianas as declarações de Cyrillo.
Obviamente que o juiz tinha todo o direito de achar a queixa-crime procedente ou não, mas o que se viu na argumentação utilizada pelo juiz para justificar a sua decisão foi uma série de preconceitos contra os homossexuais. O juiz não se baseou em nenhum princípio jurídico, mas sim, no seu ponto de vista sobre o que ele acha ser procedente ou não na prática do futebol. Leiam algumas das opiniões do juiz: "Se fosse homossexual, melhor seria admiti-lo, ou omitir. Nesta hipótese, porém, seria melhor que abandonasse os gramados"; "Quem se recorda da Copa de 70? Quem viu o escrete de ouro jogando, (Pelé, Tostão...). Jamais conceberia um ídolo homossexual"; "O que não se mostra razoável é a aceitação de homossexuais no futebol brasileiro, porque prejudicaria a uniformidade de pensamento da equipe, o entrosamento, o equilíbrio, o ideal...". Tudo isto estava na sentença proferida pelo magistrado. Se esta é a posição de foro íntimo do juiz, deveria ter permanecido assim, já que o que se espera da justiça é isenção.
Este procedimento reacende, na verdade, um debate já antigo sobre o preconceito sexual em algumas práticas esportivas, pois tanto aqui quanto em vários outros lugares do mundo, a atividade desportiva, principalmente, a coletiva, é vista como restrita à heterossexuais. Todos devem lembrar de pelo menos um caso de atletas que só assumiram as suas orientações sexuais depois da aposentadoria para não serem afastados da atividade que gostavam de fazer.
Este deveria ser um debate superado, pois o que deveria estar em jogo é o desempenho dos atletas e não a sua orientação sexual, mas sabemos como certos conceitos estão entranhados no imaginário popular por mais que muitas pessoas digam o contrário.
O Grupo Gay da Bahia e os advogados do jogador são-paulino vão entrar com recurso contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça. Manoel Maximiniano inclusive já foi afastado do caso Richarlyson.
Vejam um vídeo que mostra que o preconceito não é só do juiz Manoel Maximiniano.
Na verdade foi só um gancho para eu falar de outro preconceito visto esta semana e que não pode passar despercebido. Estou me referindo à sentença proferida pelo juiz de Barra Funda Manoel Maximiniano Junqueira Filho. O juiz tinha a incumbência de julgar o processo aberto pelo jogador do São Paulo Richarlyson contra o cartola palmeirense José Cyrillo Júnior que em um programa de televisão afirmou que Richarlyson era gay. O jogador classificou como levianas as declarações de Cyrillo.
Obviamente que o juiz tinha todo o direito de achar a queixa-crime procedente ou não, mas o que se viu na argumentação utilizada pelo juiz para justificar a sua decisão foi uma série de preconceitos contra os homossexuais. O juiz não se baseou em nenhum princípio jurídico, mas sim, no seu ponto de vista sobre o que ele acha ser procedente ou não na prática do futebol. Leiam algumas das opiniões do juiz: "Se fosse homossexual, melhor seria admiti-lo, ou omitir. Nesta hipótese, porém, seria melhor que abandonasse os gramados"; "Quem se recorda da Copa de 70? Quem viu o escrete de ouro jogando, (Pelé, Tostão...). Jamais conceberia um ídolo homossexual"; "O que não se mostra razoável é a aceitação de homossexuais no futebol brasileiro, porque prejudicaria a uniformidade de pensamento da equipe, o entrosamento, o equilíbrio, o ideal...". Tudo isto estava na sentença proferida pelo magistrado. Se esta é a posição de foro íntimo do juiz, deveria ter permanecido assim, já que o que se espera da justiça é isenção.
Este procedimento reacende, na verdade, um debate já antigo sobre o preconceito sexual em algumas práticas esportivas, pois tanto aqui quanto em vários outros lugares do mundo, a atividade desportiva, principalmente, a coletiva, é vista como restrita à heterossexuais. Todos devem lembrar de pelo menos um caso de atletas que só assumiram as suas orientações sexuais depois da aposentadoria para não serem afastados da atividade que gostavam de fazer.
Este deveria ser um debate superado, pois o que deveria estar em jogo é o desempenho dos atletas e não a sua orientação sexual, mas sabemos como certos conceitos estão entranhados no imaginário popular por mais que muitas pessoas digam o contrário.
O Grupo Gay da Bahia e os advogados do jogador são-paulino vão entrar com recurso contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça. Manoel Maximiniano inclusive já foi afastado do caso Richarlyson.
Vejam um vídeo que mostra que o preconceito não é só do juiz Manoel Maximiniano.
Assinar:
Postagens (Atom)