terça-feira, 14 de agosto de 2007

Melhor Idade!

Vocês já pararam para pensar na quantidade de eufemismos com os quais nos deparamos todos os dias? O politicamente correto nos impõe conceitos que atingem as nossas construções culturais mais comuns algumas vezes, sem contar naqueles que fogem totalmente à realidade, mas não estou nem perto de querer filosofar sobre o tema.
Na verdade, a idéia deste texto me ocorreu quando vi hoje um tal Centro de Atendimento às pessoas de Melhor Idade oferecido por uma faculdade particular da cidade. Obviamente, o termo é muito legal, bonito até, mas pensemos sobre a realidade das supostas pessoas que estão na melhor idade.
Não é novidade para ninguém a situação em que se encontram os idosos brasileiros. Estão fadados a constrangimentos realizados por suas famílias, por alguns setores representantes do Estado e por nossa sociedade. Sofrem com doenças, com rendimentos menores, muitas vezes, do que na época em que eram "ativos" (para utilizar um termo da Previdência Social). Estão muito distantes de gozarem da melhor idade.
A chegada à velhice deveria realmente representar a chegada na melhor idade, afinal, depois de tanto contribuírem socialmente, depois de terem acumulado tanta experiência, os idosos deveriam ter o seu direito ao descanso e a sua importância reconhecida, mas assim não é. Os orientais, em especial os japoneses, estão anos-luz de nós neste quesito. Eles sabem como aproveitar a sabedoria dos mais anciãos, que representam um número, cada vez maior, de habitantes por aqueles lados.
A mentalidade ocidental, porém, tem uma concepção inversa. Como Michel Foucault teorizou em seus estudos, ela criou instituições para colocar aqueles que não "servem" mais à sociedade., não se enquadram no padrão social. Entre estas instituições, estão os presídios e os asilos. Esta é a verdadeira situação da Melhor Idade. Então, ainda acham que podemos chamá-la de melhor?

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