terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eles chegaram há 200 anos

Vamos comemorar!!! Hã?! Você também acha que não temos o que comemorar?! Oxennn, ontem fez 200 anos que D. João VI abriu os portos nacionais às nações amigas, leia-se, Inglaterra, que, naquela época, era quem realmente mandava em Portugal e nos mares do mundo. Há motivos reais para nós, tupiniquins, comemorarmos estes 200 anos da chegada da família real aqui? Claro que temos, eles fizeram a Escola de Medicina, o Banco do Brasil, a Imprensa-Régia, várias coisas importantíssimas pra nação, mas por que então tanta ironia neste texto?
Hoje, li um texto alentador, dentre todos os que foram escritos tratando deste assunto, um artigo do governador da Bahia, Jaques Wagner, em que ele diz, sem tirar nem pôr, que a vinda da família real representou este avanço todo, mas que teve os seus percalços. O governador, no entanto, terminou dizendo que devemos cantar apenas as coisas boas, eu discordo.
Acho que faz parte da nossa história, foi importante, como foi dito por todos, mas não posso esquecer que estes investimentos não representaram nem metade do que foi explorado nos 300 anos de colonização portuguesa no Brasil. Revanchismo tardio? De forma alguma, mas acho que devemos colocar os pingos nos "is" e respeitarmos a nossa história, sem omitir as partes que desagradam. Ainda (não tenho muita certeza, devo admitir) lembro de uma professora de história do colégio que afirmou que a família real portuguesa, quando foi embora, levou todas as riquezas que estavam no Banco do Brasil. Sim, sim, levaram, roubaram, se quisermos pegar pesado, mas esquecemos de tudo isto e comemoramos de forma exagerada.
Eu vejo este oba-oba como reafirmação da nossa mentalidade colonizada de aplaudir o que vem de fora, de uma vontade de parecer país desenvolvido, nem que seja apenas na aparência, pois quando se fala em atacar de frente as desigualdades sociais, muita gente pula fora. Estão aplaudindo porque a vinda deles pra cá foi o único momento em que nós saímos da condição de colônia e fomos erguidos à situação de Metrópole. Agora, podem voltar aos aplausos!

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