sábado, 25 de outubro de 2008
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segunda-feira, 5 de maio de 2008
Boca do Rio: um bairro de contrastes
Nos idos da década de 50, o bairro hoje conhecido como Boca do Rio era o lar dos pescadores de Xaréu que, ligados a outras colônias da cidade, pescavam o peixe na orla marítima. Parte do bairro dava lugar a uma grande fazenda onde se criavam as vacas, daí o nome A Cocheira, como chamavam a região naquela época. O nome atual faz referência ao poluído Rio das Pedras, que desemboca na região.
Há 30 anos mais ou menos, Caetano Veloso dizia em uma música de sua autoria que a Boca do Rio era “beleza pura”. Realmente, na década de 70 e 80, o bairro era desta maneira. Lá ficava a praia preferida dos artistas, freqüentada por Caetano, Gil, Novos Baianos e muita gente alternativa. Até hoje, o local ainda é chamado de Praia dos Artistas, apesar de nenhuma celebridade aparecer mais na região. Além disto, nos últimos anos, a degradação ambiental e o inchaço demográfico mudaram a cara do bairro, que é um dos remanescentes quilombolas da cidade de Salvador.
Veja mais sobre a Praia dos Artistas:
Começando no Centro de Convenções, o bairro tem como limites Pituaçu ao leste e o Imbuí ao norte. Este último, antigamente, também era chamado de Boca do Rio, assim como o local hoje conhecido como Conjunto Guilherme Marback.
Assemelhando-se a uma pequena cidade do interior, o bairro tem feirinhas ao ar livre, um forte comércio popular e praças onde a vizinhança se reúne. Além disto, a orla da Boca do Rio ainda possui um shopping a céu aberto – o antigo Aeroclube Plaza Show, que está em reformas há mais de um ano e abrirá com o novo nome de Aeroclube Shopping & Office. O acordo feito entre a administração do Aeroclube e a prefeitura de Salvador prevê também a construção de um Parque Atlântico na localidade, mas as obras ainda não começaram.
Carências
A Boca do Rio é um bairro popular, marcado por contradições, já que diferentes classes sociais dividem o mesmo espaço. A tranqüilidade que levou artistas as praias do bairro ficou no passado, registrada na memória de alguns moradores saudosos. O bairro detém hoje altos índices de violência e problemas estruturais graves, como a falta de saneamento, que o coloca entre os maiores focos de mosquitos da dengue.
No entanto, alguns moradores mais antigos continuam vendo a Boca do Rio como um local sossegado e bom para morar. “[A situação do bairro] tá muito melhor agora. Aqui onde eu moro [no Caxundé, região da Boca do Rio] não tem violência”, afirma o mestre Paulo Tavares, 87 anos, que vive há mais de sessenta anos na mesma rua e é o pescador mais antigo da Colônia.
Veja vídeo sobre a história da Colônia de Pescadores da Boca do Rio:
O Caxundé abriga a famosa Creche Béu Machado, que foi fundada em 1986, por Maria José da Silva Machado, conhecida como Dona Neném. Inicialmente, o objetivo da instituição era acolher crianças que eram deixadas em sua porta pelos pais que saiam para trabalhar. Hoje, a creche é conhecida em toda a cidade e passou também a dar assistência a idosos, por meio de socialização e atendimento médico.
De acordo com a coordenadora da Administração Regional IX, Sônia Regina Camargo, as principais carências da área são falta de esgotamento sanitário, construções irregulares de moradias, imóveis sem registro e ruas sem asfaltamento. A AR IX engloba a Boca do Rio e adjacências, totalizando 34 localidades. “Existe uma ação integrada entre o órgão e o 9º Departamento de Polícia, situado no bairro, para controlar este, que é também um dos atuais problemas da área”, diz Sônia.
A praia esquecida pelos artistas
A Praia dos artistas, escondida atrás de pequenas dunas no bairro da Boca do Rio, passa quase que despercebida não fossem as bandeiras coloridas que identificam suas barracas. Conhecida por ter sido ponto de encontro de artistas e intelectuais na década de
Seu Aloísio Almeida, que mantém uma barraca no local há 34 anos, reconhece que o modismo de freqüentar o local passou, mas para ele, esse não é o principal problema. “A questão não é a barraca não estar mais tão freqüentada, mas sim a violência e a falta de preservação ambiental aqui na Boca do Rio”, diz.
O barraqueiro nascido em Conceição de Almeida, no Recôncavo baiano, lembra com saudosismo da época em que chegou ao bairro. No trabalho informal de jornalista para o Jornal da Bahia, foi até à praia para fotografar o corpo de um homem que havia se afogado, e desde então, se apaixonou pelo local. “Finquei uma bandeira em três de outubro de 73 e não saí mais”, diz ele, que é dono de um outro estabelecimento comercial no bairro.
Segundo ele, a Boca do Rio nessa época não tinha esse nome, era conhecida como Cocheira, onde antigamente diziam ser uma grande fazenda. A praia tranqüila logo se tornou uma área de veraneio freqüentada por artistas, músicos e outras personalidades do meio cultural baiano.
Habitada por pescadores, a região também tinha um mangue, de onde seu Aloísio tirava camarão, caranguejo e guaiamu que servia em sua barraca para artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Zizi Possi , Renata Sorrah e Marcos Paulo. Isso fez com que o próprio barraqueiro batizasse o lugar de “Praia dos Artistas”.
Mas “A Cocheira” cresceu e com isso vieram os problemas da violência e da devastação ambiental. Morador engajado do bairro da Boca do Rio, Aloísio criou o Comitê de Defesa da Praia dos Artistas, junto com alguns vizinhos para preservar não só a sua área, “mas todos os mares”.
Uma de suas causas é a resistência a um projeto do governo Paulo Souto, que previa a construção de um emissário submarino que seria instalado próximo à região, para expelir detritos orgânicos. “O projeto antes era para colocar em Jaguaribe e depois mudaram pra cá. Eu não vou desistir, ainda estou brigando para que isso não aconteça”.
Apesar de todos os problemas que o crescimento do bairro trouxe, seu Aloísio garante que o clima de vanguarda e refúgio tropical não afastou os moradores e os antigos boêmios da Praia. Ali estão concentradas também algumas das barracas mais badaladas do público gay, como Aruba e Bahamas. “Por aqui passaram a moda do nudismo, do topless, e a liberação do mundo gay também”.
O homem que batizou a praia hoje se preocupa com a sua preservação. Para ele, “esse é um dos únicos bairros da orla marítima de Salvador que ainda não foi totalmente esmagado por toda essa evolução desastrosa. Falta consciência e se depredarem mais ainda essa área, vão acabar com tudo”.
quarta-feira, 30 de abril de 2008
Ato de Repúdio
Ontem, tivemos contato com o resultado do ENADE que apontou que 17 instituições de ensino superior apresentaram baixas notas no exame de medicina, incluindo quatro federais, entre elas, a UFBA. A Faculdade mais antiga do país conseguiu apenas a nota dois. No entanto, mais surpreendente que a nota foi a justificativa dada pelo coordenador do curso de medicina da citada Faculdade, Antônio Dantas. Para ele, o resultado se deve "ao baixo QI dos baianos". Não satisfeito, afirmou que "o baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais [cordas], não conseguiria". Na minha modesta opinião, que eu não considero nem um pouco burra, o coordenador de medicina foi ridículo e preconceituoso em relação aos baianos. Utilizou-se de uma opinião polêmica para desviar a atenção de um erro em que participa ativamente por causa do posto que ocupa. Ainda falou que não há problemas de infra-estrutura na Faculdade de Medicina. Quem estuda na Federal, como eu, sabe das péssimas condições dos laboratórios de medicina, sem contar no alto custo que um aluno tem que desembolsar para permanecer em um curso caro como o de medicina. De qual povo e qual faculdade estamos falando, coordenador? Com certeza, não são os mesmos. A Universidade Federal do Pará não se manifestou. Acho que o coordenador da FAMEB/UFBA perdeu a oportunidade de fazer o mesmo e ficar calado. Costuma ser melhor do que falar besteira.
Foto: Haroldo Abrantes/ Agência A Tarde
Atualização às 22:06: Uma coisa o coordenador do curso de medicina conseguiu, juntar o diretor da Faculdade de Medicina, José Tavares Neto e o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho, que não se bicam de jeito nenhum. Os dois repudiaram a opinião do professor Antônio Natalino Dantas em nota pública, divulgada esta noite.
Também juntou o senador ACM Júnior e o governador Jaques Wagner que compartilharam da mesma opinião. Os dois acharam que se tratou de uma grande imbecilidade.
terça-feira, 29 de abril de 2008
Revista Muito e a tal Bahia cosmopolita
Eu cheguei a comemorar esta novidade, afinal de contas, dá uma oxigenada no nosso campo profissional, mas a primeira decepção veio exatamente daí. A revista Muito apanhou repórteres que já pertenciam às outras editorias do A Tarde. Ou seja, não dá para falar que a revista participou da recente oxigenação do campo profissional em Salvador que vem registrando uma movimentação inexistente há muitos anos.
A revista se propõe a falar de um conceito que, segundo ela, é pouco explorado pela imprensa de Salvador, a existência de uma Bahia cosmopolita. Inclusive, a revista se define como uma publicação baiana e cosmopolita. "Para a revista Muito, que circula hoje, e todos os domingos, como parte do A Tarde, o Santo Antônio define os caminhos desta publicação, baiana e cosmopolita", afirmou, na primeira edição, a editora-coordenadora da publicação, Nadja Vladi.
No início, não sabíamos muito bem o que ser baiano e cosmopolita queria dizer. Agora, na quarta edição, da revista, já dá pra começar a se ter uma idéia do que a Muito quer dizer com cosmopolita. A primeira capa tratou do bairro do Santo Antônio além do Carmo, a segunda veio estampada com o percussionista, cantor, compositor e "vendedor de picolés", Carlinhos Brown, a terceira trouxe o fotográfio Christian Cravo, herdeiro de uma linhagem de artistas baianos bem conhecida e, por fim, na semana passada, a capa foi sobre ciclovias, claro que relacionando com as experiências que foram postas em prática em outros países.
A Muito com estas capas e com suas reportagens mostra que o conceito de Bahia cosmopolita quer desvendar o que nós possuímos em comum com as grandes metrópoles internacionais. Afinal de contas, que coisa chata ficar falando desta "baianidade nagô" tão cantada e falada, é melhor ir atrás do que de São Paulo nós temos. Nós temos que ser hype e não folk. Algo meio vamos aplaudir o Salvador Downtown.
O leitor entra em contato com um mundo que não pertence a ele. Você discorda? Então, vamos lá. Quem tem dinheiro para fazer especulação imobiliária no Santo Antônio além do Carmo? Eu? Você? (dependendo de quem esteja lendo, a resposta foi sim, mas a minha, com certeza, é não). E o que mais cosmopolita e baiano do que pegar Carlinhos Brown, o menino dos olhos do business da nossa província, para exemplificar o self-made man? Ele se fez, conquistou o mundo, é baiano e cosmopolita, ou seja, é muito, é o vendedor de picolé de 68 milhões de reais.
Se formos para a seção de moda, o conceito de cosmopolita chega aos píncaros da sua explicitação. Ali se faz o total delineamento do público-alvo da Muito, que eu arrisco dizer que são os baianos que podem viajar pelo mundo todo mês ou final de semana, porque, pegando um exemplo, na edição do domingo passado, tinha uma calça jeans de 1.400 reais!!!!!!. 1.400... Eu disse 1.400. Se ninguém fica estarrecido, eu fico e muito.
Tirando esta parte ideológica da minha análise, dá para apontar vários aspectos positivos na Muito. As entrevistas com Solange Farkas, diretora do MAM-BA e da educadora Vera Lazzaroto são duas coisas que merecem receber todos os elogios possíveis da imprensa baiana. A primeira, porque muito se criticou Solange Farkas e, até agora, eu não tinha lido nenhuma manifestação dela e a segunda, pelo exemplo de vida e dedicação da educadora responsável por uma pequena revolução no bairro dos Alagados. Além destas entrevistas, a matéria do Santo Antônio está bem escrita, a coluna de Aninha Franco e a seções Orelha e Parede também merecem ser citadas como destaque da nova filha do grupo A Tarde.
A revista também investe na integração entre os meios, outro aspecto bem interessante e pouco explorado pela imprensa local. Partes das matérias podem ser vistas no site da revista, que ainda conta com produção independente e disponibiliza vídeos de making of das matérias, entre outras coisas.
Vida longa à Muito, mesmo com os arroubos cosmopolitas e, algumas vezes, desconectados da realidade do baiano de classe média que, também, lê o jornal A Tarde. Afinal de contas, uma nova publicação, sendo uma revista e com matérias bem feitas, merece ser aprovada, mesmo que seja com ressalvas.
sábado, 1 de março de 2008
OSCAR
Por falar em interpretações, os Oscar dados aos atores foram merecidíssimos. Onde os Fracos Não Têm Vez, Sangue Negro e Piaf deram a estes atores a oportunidade de mostrarem a sua excelência em cena, o espectador não pisca quando Javier Bardem, Daniel Day Lewis e Marion Cotillard estão na tela. Eu não assisti Conduta de Risco e não posso dizer nada da atuação da Tilda Swinton, melhor atriz coadjuvante.
Outro ponto que merece ser salientado em Piaf é a maquiagem. Muito bem feita, o espectador acompanha o envelhecimento da Piaf diante dos seus olhos. Não há como negar e afirmar que quem está ali é Marion Cotillard. Não, não é. Quem está diante dos nossos olhos é Edith Piaf. Cantando seus sucessos, mostrando as suas dores. Não foi à toa que o filme levou para casa também esta estatueta.
Vejam o trailer de Piaf:
Outro filme que eu gostaria de comentar é Juno. A história da adolescente grávida, surpreende por não ser contada da mesma maneira a qual estamos acostumados a ver. O roteiro tem sacadas inteligentes, com diálogos típicos da adolescência contemporânea, a saída dada à gravidez também não é nem um pouco comum. Outro Oscar merecido, o que foi dado à roteirista Diablo Cody. E como foi bom ver aquela figura tão anti-hollywoddiana, ex-stripper, ganhando o prêmio. Claro que a interpretação da Ellen Page não chega aos pés da pequena Abigail Breslin, Olive de Pequena Miss Sunshine, que roubou a cena no Oscar passado por ter sido indicada pela Academia, mas não é ruim. Contudo, não é espetacular, e comparada com Marion Cotillard então, melhor nem comentar.
Não entendi o Oscar de melhor filme para Onde os Fracos Não Têm Vez, achei um bom filme, mas feito para americano ver. Sem muita razão de ser, sem muita explicação, quase naturalista, o que me incomodou um pouco. Ser para americano ver pode ter sido a razão para receber a estatueta, mas eu ficaria com Sangue Negro que, apesar de abordar um tema americano - a corrida pelo petróleo no Texas, coloca em cena uma outra discussão - os limites da ambição humana. Como eu não sou da Academia, meu voto é nulo e, para mim, só cabe reclamar agora.
Agora, fiquem com o trailer de Juno:
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Boca do Rio
A Boca do Rio, hoje, é um bairro popular, marcado por contradições, já que dividem o mesmo espaço as classes C, D e E. A violência também é crescente e mais marcante em algumas regiões do grande bairro que começa no Centro de Convenções ao norte, delimita-se com Pituaçu ao sul e ao leste com o Imbuí que, antigamente, também era Boca do Rio como o Conjunto Guilherme Marback. Tem o Rio das Pedras atravessando o seu limite sul e sendo este o motivo do nome dado ao logradouro.
A violência é resultado da ausência do Estado que propicia a ascensão de um novo tipo de poder, nem tão novo, mas, quase dominante. Hoje, o bairro tem a classe média concentrada em seu centro e as extremidades onde vivem os mais populares e, não por coincidência, onde são registrados os maiores números de crimes na localidade. Exatamente por esta ineficiência do Estado que para diminuir tanto esquecimento tem realizado algumas ações no bairro e o elegeu como sede de uma das administrações regionais do governo municipal.
O bairro parece uma pequena cidade do interior, tem um forte comércio popular, um shopping (o Aeroclube, em reformas há mais de um ano) e, não se sabe quando, terá um Parque Atlântico. O sistema de transportes não é maravilhoso, mas é melhor que em outras regiões da cidade. O bairro ainda é sede da famosa Creche Béu Machado e tem uma biblioteca pública infantil chamada Betty Coelho em homenagem à escritora de histórias infantis.
Enfim, esta é a terceira vez que moro na Boca do Rio e quase um terço da minha vida passei aqui. O bairro como todos os outros da cidade tem os seus problemas, mas morar aqui tem sido bom. É perto da principal via da cidade, a paralela, o Centro de Conveções fica no bairro, não é tão longe do novo centro (Avenida Tancredo Neves e Iguatemi), tem praia, área para caminhadas, não fossem os problemas com segurança e a presença de certos políticos que só aparecem aqui para ganhar votos, o bairro seria ainda melhor.
No vídeo a seguir, vocês conferem a música Beleza Pura na voz de Mariana Aydar, uma das cantoras da nova onda da MPB.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Eles chegaram há 200 anos
Hoje, li um texto alentador, dentre todos os que foram escritos tratando deste assunto, um artigo do governador da Bahia, Jaques Wagner, em que ele diz, sem tirar nem pôr, que a vinda da família real representou este avanço todo, mas que teve os seus percalços. O governador, no entanto, terminou dizendo que devemos cantar apenas as coisas boas, eu discordo.
Acho que faz parte da nossa história, foi importante, como foi dito por todos, mas não posso esquecer que estes investimentos não representaram nem metade do que foi explorado nos 300 anos de colonização portuguesa no Brasil. Revanchismo tardio? De forma alguma, mas acho que devemos colocar os pingos nos "is" e respeitarmos a nossa história, sem omitir as partes que desagradam. Ainda (não tenho muita certeza, devo admitir) lembro de uma professora de história do colégio que afirmou que a família real portuguesa, quando foi embora, levou todas as riquezas que estavam no Banco do Brasil. Sim, sim, levaram, roubaram, se quisermos pegar pesado, mas esquecemos de tudo isto e comemoramos de forma exagerada.
Eu vejo este oba-oba como reafirmação da nossa mentalidade colonizada de aplaudir o que vem de fora, de uma vontade de parecer país desenvolvido, nem que seja apenas na aparência, pois quando se fala em atacar de frente as desigualdades sociais, muita gente pula fora. Estão aplaudindo porque a vinda deles pra cá foi o único momento em que nós saímos da condição de colônia e fomos erguidos à situação de Metrópole. Agora, podem voltar aos aplausos!
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
PM baiana, pronta para matar?
As estatísticas daqui, porém, acompanham uma realidade assustadora, a polícia brasileira é a que mais mata no mundo. Aqui entra uma observação: o número de assassinatos efetuados por policiais não tem evitado a escalada da violência, o que mostra a total ineficiência deste tipo de ação e a comprovação de que matar sem que este seja um recurso utilizado em legítima defesa tem total nulidade de efeito.
Esta escalada de violência policial também serve para que vejamos o nível de despreparo da nossa polícia, nunca é bom generalizar, mas parece ser mais freqüente a um grande número de policiais atirar para depois perguntar. Agredir em abordagens, seja nos famosos "baculejos" ou em blitzen, já faz parte do cotidiano e da cartilha normal da Polícia. Eu indico as edições da Tribuna da Bahia e do A Tarde de hoje que tratam exatamente deste tema. Leiam o artigo publicado no A Tarde em que o doutor de Ciências Militares disse haver uma distorção em nossa constituição que prega ser prioridade a manutenção da ordem em detrimento da defesa da vida.
Podem gritar os reacionários falando haver defesa de direitos humanos apenas para bandidos, mas não acharei nunca certo esta matança que se torna institucional, afinal de contas estamos em um país onde não há pena de morte e mesmo que houvesse, primeiro deve sim haver um julgamento para que, comprovada a culpa, fosse permitida a execução. É bom sempre salientar que também sou contra a pena de morte. Estamos, infelizmente, vivendo em um Estado de execuções sumárias e os mortos têm sido, principalmente, os pobres. Temos que implementar um conjunto de medidas para solucionar o problema da violência: maior preparo das forças policiais, priorizando inteligência em vez dos combates, investimentos sociais para que o Estado faça-se presente, não aparecendo apenas na hora da repreensão. Já passou da hora de repensarmos o Estado brasileiro e não me refiro apenas às atribuições do governo federal, mas também aos estaduais, municipais e à sociedade como um todo.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
BBB8
Dança das Cadeiras Sacode Jornalismo Baiano
A história toda começou com as especulações em torno da candidatura do radialista Raimundo Varela à prefeitura de Salvador. Sendo eleito, o atual apresentador do Balanço Geral precisaria de um substituto à altura e eis que não poderia ser outro, ou seja, na semana passada, a TV Itapoan anunciou a contratação do jornalista Zé Eduardo, Bocão, para apresentar o Se Liga Bocão na retransmissora da Rede Record. Lógico que nada teve esta aparente calma, afinal, Bocão saiu da TV Aratu em um clima meio estranho. Circulou pelos meios da imprensa que ele teria recebido propina de um empresário para não o denunciar no seu programa. Nada confirmado, Zé Eduardo está no ar logo após Varela, fazendo a dobradinha popularesca no horário do almoço da rede dos bispos.
Com a mudança, a TV Aratu colocou no lugar de Bocão, Uziel e Zé Bim. Os dois passaram a apresentar o programa Que Venha O Povo, mas a mudança mostrou-se temporária e, nesta semana, foi dada uma notícia que surpreendeu às pessoas do meio jornalístico e fora dele. Casemiro Neto, após 18 anos na TV Bahia, foi contratado pela TV Aratu para apresentar o Que Venha o Povo, ser diretor de jornalismo da TV do Galinho, fazer a cobertura do carnaval daqui a duas semanas e ainda, possivelmente, apresentar um programa de entrevistas. Neto e a TV Aratu não quiseram falar de valores, mas se especula algo em torno de 50 mil reais por mês. Uma verdadeira fortuna para os padrões da Bahia.
Casemiro disse estar empolgado com as mudanças, mas os desafios serão imensos. A audiência da TV Itapoan está consolidada, brigando pela liderança no horário com a TV Bahia, deixando a TV Aratu para o terceiro lugar na disputa pelo IBOPE. Além disto, apesar de achar Casemiro meio popularesco às vezes, não consigo enxergá-lo portador do perfil necessário para apresentar este tipo de programa: defensores dos pobres e oprimidos perante à ineficiência e descaso dos governos e órgãos públicos, apelando muitas vezes para um sensacionalismo descabido. Papel muito bem preenchido por Varela e Bocão, mas como não quero queimar minha língua, o tempo pode se encarregar de aprimorar Casemiro Neto no desempenho desta nova função.
Além das mudanças na TV, li no site sobre jornalismo Comunique-se, que o Correio da Bahia será reestruturado. O jornal diminuirá as influências vindas dos carlistas na cobertura sobre política, devido à morte do ex-senador ACM e cogita inclusive diminuir a importância da política no jornal. As mudanças não param por aí, serão discutidas alterações no formato do periódico que poderá vir a ser tablóide, manter o formato standard ou ainda adotar um terceiro formato e modificações na redação do jornal. Quem viver verá!
sábado, 5 de janeiro de 2008
E é só o início!!!
Falando em coisas de TV (cada vez mais, só falo disto aqui), na terça-feira da semana que vem começa a oitava edição do Big Brother Brasil. A aposta é na mesma fórmula que vem sendo usada desde o BBB passado, nada de escolha popular dos participantes e vamos ao desfile dos belos corpos e ver até onde irão as armações para ganhar o milhão. Quanto ao fôlego da audiência, eu acho que se mantém. É incrível a eficácia deste tipo de programa aqui, nós, brasileiros, somos voyeurs por natureza. Mesmo aqueles que dizem que não assistem, sabem os nomes dos participantes ou se referem ao loirinho marombado, à aspirante a uma vaga de atriz, à modelo do olho verde...
Outra estréia aguardada para a próxima semana, pelo menos aguardada por mim, é a da segunda temporada de Heroes. Tenho lido muitas críticas, inclusive uma entrevista do criador da série dizendo que os rumos da história serão alterados por causa de deficiências no roteiro, mas não abro mão de ver com os meus próprios olhos como estão Hiro Nakamura, Peter Petrelli, Claire Bennet e os outros.
P.S: Eu ia terminar com Heroes, juro, mas o que foi Juvenal Antena, líder da Portelinha, personagem do Antônio Fagundes, levar um tiro, não morrer, todos acharem que ele morreu, inclusive a ambulância não o levou para nenhum hospital, ele estar sendo velado, levantar e o deputado Narciso Tellerman, interpretado por Marcos Winter, dar a explicação criada pelo Aguinaldo Silva para justificar esta história absurda dizendo que ele pode sofrer de catalepsia? Claro que é uma explicação plausível, mas me façam uma garapa! (Expressão antiga, mas que cabe muito bem nesta ocasião).